a construção social da realidade: tratado de sociologia do conhecimento
CORPO X INSTRUMENTO
Quando chamamos o corpo de ‘instrumento musical’, possivelmente, estamos incluindo-o no mesmo universo dos outros instrumentos musicais, mas será que ele é só mais um deles?
Dependendo de como usamos a terminologia, estaremos optando por valores diferentes. Por exemplo, se, em vez de usarmos a palavra ‘instrumento’, usarmos a palavra ‘recurso’, estaremos transformando a visão de mundo atribuída ao corpo.
Nós somos o nosso próprio corpo e, ao considerá-lo um instrumento, no sentido de ‘objeto’ ou ‘utensílio’, estamos atribuindo este valor a nós mesmos. Diferentemente, quando dizemos que o corpo é um recurso, no sentido de ‘origem’ ou ‘fonte’, exercitamos uma outra percepção: ao produzir música a partir dele, estamos produzindo música a partir de nós mesmos. Esta diferença é crucial para entendermos o significado da música que é produzida a partir dos sons do corpo, prática que sempre nos acompanhou, desde nossas origens.
ORIGEM DO SOM E DA MÚSICA
No momento em que nascemos, começamos a explorar as possibilidades de comunicação com o mundo ao redor e, desde então, até o final da vida, o corpo será um meio priorizado nos processos de percepção e diálogo com o ambiente.
Em nós mesmos, é possível desenvolver uma série de habilidades diferentes para dialogarmos com o que nos cerca, e o som é um dos recursos mais eficientes para isso.
Há algumas teorias diferentes sobre o momento específico no qual o homem criou a música, inclusive, algumas, até, dizem que o homem começou a cantar, antes mesmo de conseguir falar. De uma maneira ou de outra, podemos admitir que os sons do corpo fizeram parte das primeiras fontes sonoras e musicais investigadas pelo homem.
A percussão corporal é uma prática que pode ser utilizada, entre outras finalidades, como recurso sonoro e musical. Nos últimos 10 anos, mais atenção voltou-se para os tipos de técnica existentes e para os ainda em desenvolvimento.
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