A consolidação da república
O Relíquias de Casa Velha foi o último livro organizado por Machado de Assis. Nele, o autor quis arejar sua casa ao expor as relíquias de um tempo passado, vivido e testemunhado por ele. Na leitura dos contos e dos outros textos não-ficcionais, é possível perceber uma relação entre o passado imperial e o presente republicano, época da organização do livro. Logo, esse artigo pretende discutir essa relação através de uma leitura mais atenta dos contos e problematizar os valores destacados pelo autor para seu tempo, por exemplo, patriotismo, modernidade, progresso e trabalho, e que seriam as relíquias do Império para a República.
Palavras-chave: Império. República. Escravidão. Progresso.
Em vida, Machado de Assis publicou sete coletâneas de contos organizadas por ele. Grande parte desses contos já havia saído em jornais ou em almanaques da época. A exceção é o livro Relíquias de Casa Velha, de 1906, sua última organização de contos. Dos nove contos publicados, cinco eram inéditos, além da poesia “A Carolina” e a peça de teatro “Lições de botânica”. Um segundo volume do Relíquias de Casa Velha foi publicado postumamente pela editora W M Jackson, com uma reunião aleatória de outros contos de Machado de Assis (SOUSA, 1955).
A produção contista desse literato não se restringe aos publicados nas coletâneas. Pelo contrário. Em 1864, ele passou a se dedicar à escrita de contos quando começou a publicá-los no Jornal das Famílias, o que durou mais de dez anos (MACHADO, 2003, p. 13). Nesse período, segundo Ubiratan Machado, o conto ainda era um gênero secundário em relação à poesia e ao romance, o que justificaria a repercussão média de seus livros de contos. Eles
* Doutorando no Programa de Pós-Graduaçaõ em História Social da PUC-Rio. E-mail: renatafm2003@yahoo.com.br
Artigo
AS RELÍQUIAS LITERÁRIAS DE MACHADO DE ASSIS
Renata Figueiredo Moraes
Florianópolis, v. 2, n. 2, p. 182 – 199, jul. / dez. 2010 183 receberam pouca ressonância no meio intelectual, mesmo