A concepção dos acadêmicos do curso de educação física em relação à teoria e prática vivenciada a partir do projeto cultura corporal - conhecer vivenciando.
EDUCAÇÃO FÍSICA E CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO: UMA PERSPECTIVA FENOMENOLÓGICA E SEMIÓTICA
PHYSICAL EDUCATION AND BODY MOVIMENT CULTURE: A SEMIOTICAL AND PHENOMENOLOGICAL PERSPECTIVE Mauro Betti∗
RESUMO
Este ensaio teórico considera a hipótese de que a Semiótica de C. S. Peirce pode apontar os limites da abordagem culturalista da Educação Física e indicar uma agenda de desafios que deverão ser enfrentados pela Teoria (Pedagógica) da Educação Física. Para tal, após apontar contribuições e limites da fenomenologia de M. Merleau-Ponty, explicita alguns fundamentos conceituais da Semiótica peirceana (signo, semiose e experiência) e conclui sugerindo uma perspectiva fenomenológico-semiótica para a Educação Física, que, ao considerar alunos e professores como produtores de signos e relações interpretantes, apresente alternativas aos impasses da “resposta culturalista”.
Palavras-chave: Educação Física. Fenomenologia. Semiótica.
INTRODUÇÃO
A concepção de “cultura” emergiu, nos anos 80 e 90 do século passado, como uma adequada resposta para os impasses teóricos e a “crise de identidade” da Educação Física à época. “Cultura corporal”, “cultura de movimento”, “cultura corporal de movimento” – seja qual fosse o rótulo, tais entendimentos consolidaram a ruptura entre natureza e cultura, oriunda das Ciências Humanas (e em parte da Filosofia), no interior da Educação Física. Daolio (2004) demonstrou resumidamente como o ser humano foi concebido como um “ser cultural” em vários autores (BRACHT, 1999; KUNZ, 1991; BETTI, 1994), nos quais o conceito de “cultura” aparece de modos diversos, embora com denominadores comuns, tais como: a importância da dimensão simbólica no comportamento humano; o fato de a Educação Física contemplar, ao mesmo tempo, um sabe-fazer e um saber sobre esse fazer; a necessidade de equilíbrio entre a identidade pessoal e a identidade
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social; a consideração da subjetividade; a tarefa de mediação simbólica da Educação