A coerência textual
A tira de Pedro Angeli apresenta uma organização de suas partes que resulta numa conclusão lógica. Veja:
Quadrinhos 1, 2 e 3: a mãe diz ter apoiado a iniciativa do filho de usar piercings;
Quadrinhos 4: a mãe estabelece uma relação de oposição entre esse apoio e eventuais problemas que o filho possa ter;
Quadrinhos 5 e 6: o filho, por estar enroscado nos piercings, pede ajuda à mãe.
O texto é coerente com a sistuação comunicativa, já que as falas da mãe são coerentes com o papel que uma mãe desempenha em nossa cultura.
Há coerência num texto quando não há contradição de idéias, quando suas partes harmonicamente constituem um todo significativo, e quando ele é compatível com a situação discursiva na qual é produzido.
Coerência textual é o resultado da articulação das idéias de um texto; é a estruturação lógico-semântica que faz com que numa situação discursiva palavras e frases componham um todo significativo para os interlocutores.
Vejamos alguns exemplos de falta de coerência textual:
“Estão derrubando muitas árvores e por isso a floresta consegue sobreviver.”
“Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar.”
“Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo.”
Pode haver coerência sem coesão?
Sim, há textos que se organizam por justaposição ou com elipses e, mesmo assim, podem ser considerados textos por seus leitores/ouvintes, pois constituem uma unidade de sentido.
Um exemplo clássico de nossa música popular é a canção Águas de março, de Tom Jobim, que se constrói pela justaposição:
É pau, é pedra
É o fim do caminho
É um resto de toco
É um pouco sozinho
É um caco de vidro
É a vida, é o sol [...]
Exemplos que se constrói pelas elipses:
"No mar, tanta tormenta e tanto dano." (Omite o verbo “haver”)
Quanta maldade na Terra. (Quanta maldade há na Terra).
A coerência, a coesão e o contexto discursivo
A textualidade está diretamente relacionada ao contexto discursivo. Um texto pode ser adequado e bem-formado em determinada situação