A Cidade E O Espartilho
Escola de Arquitetura
Giuliana Cerceau Marteleto
A CIDADE E O ESPARTILHO:
A POSIÇÃO URBANA DA FIGURA FEMININA
Belo Horizonte
2013
Resumo
A figura feminina é um dos mais constantes e contrastantes temas da história. Nas civilizações antigas, eram propriedades, mercadorias de troca que passavam do pai ao marido.
A Idade Média trouxe a concepção de impureza e extrema inferioridade que se alastrou por entre os séculos até a Revolução Industrial, em que sua força de trabalho era preciosa, mas ainda sim desvalorizada. A história da mulher é permeada por uma compreensão errônea que tem suas raízes das escrituras sagradas até os costumes transmitidos de pai para filho das antigas culturas. A figura feminina é vista como o sexo frágil e indefeso destinada ao trabalho doméstico e a família.
Apresento a mulher não como figura fraca, moldada pelas futilidades da sociedade que as rodeava, mas uma criatura enclausurada pelas crenças seculares de ideias paternalistas que visa a esfera privada do lar como o espaço privilegiado para a realização de seus talentos. O ideal da sociabilização feminina, no entanto, não se esgota somente no seio familiar. Ela projeta-se em espaços semi-públicos como os teatros, a ópera, os salões particulares e as festas, para as mulheres que eram vistas como virtuosas. Os espaços abertos como os bares, tavernas, bordéis e a própria rua eram um mundo à parte, fechado as mulheres sensíveis, ali perambulava a mulher pública, dominada pela preguiça, pela aversão ao trabalho e a perseguição do prazer. A representação dos excessos e de todo o mal que a sociedade ensinava a guardiã do lar.
A experiência urbana da mulher dependia de seu rótulo. A mulher pura, frágil e reservada ao espaço privado vivia em um cenário em que a cidade era quase inalcançável, em contrapartida, a mulher vagabunda e prostituta experimentava a cidade. As regras, para elas, não se aplicavam, eram outras. A mulher pública vivia a cidade desde sua