A cidade do Renascimento
O renascimento entendia-se por ser um movimento cultural baseado na revalorização do pensamento e da arte antiga clássica, originando a formação de uma cultura humanista. A cultura humanista propõe o problema da cidade, sua organização e função. Construiu-se em relação ao humanismo uma teoria ou uma ciência da cidade, o pensamento urbanístico. A cidade dos séculos XIII e XIV funcionava como sede da sociedade burguesa e onde todo o decorrer histórico se passou em torno da prosperidade econômica, enfatizando também artesãos e mercadores. Já no fim do século XVI, a cidade mais do que como um organismo socioeconômico, se deu como entidade política. Com isso, dar-se-á a criação de não mais a chefia suprema sobre seu condado ou cidade medieval, mas a criação de uma autoridade política acima da autoridade administrativa, municipal. A cidade não mais expressará os ideais e interesses de uma comunidade civil, mas os valores e princípios sobre os quais a autoridade política se sustenta. A antiga burguesa dá espaço à formação de uma elite que decide o destino cultural e político da cidade. Origina-se a partir daí uma relação entre cidades dominantes e dominadas, nos quais a dominante pressupunha todas as regras e detinha o maior poder regional, enquanto as dominantes existiam para servir a estes propósitos. Ao decorrer da sucessão da era medieval à era renascentista, há a existência de uma nova ordem hierárquica das atividades culturais: a arte mecânica e a arte liberal. As artes liberais são as que partem do princípio intelectual e racional para sua criação enquanto as mecânicas são criadas ao ponto de vista técnico-operacional. O artesão que na era medieval era o encarregado dos feitos artísticos, agora no Renascentismo o encarregado dessa tarefa é o artista de uma elite. Os artistas mais próximos ao poder eram os arquitetos. A cidade ideal, conceito que se desenvolve no Renascentismo, se torna uma intervenção política e ao mesmo