A caverna dos sonhos esquecidos

A Caverna dos Sonhos Esquecidos Dir: Werner Herzog, 2010

No documentário “Caverna dos Sonhos Esquecidos” Werner Herzog adentra na caverna Chauvet, uma cápsula do tempo perfeitamente isolada há mais de 20 mil anos localizada no sul da França, para registrar as pinturas rupestres mais antigas e bem conservadas estudadas pela ciência.
As pinturas chamam atenção, não apenas por estarem intactas, mas por sua qualidade artística de excepcional plasticidade e por se tratar de um registro imagético sem precedentes dos povos do paleolítico. A totalidade das pinturas reúne características que indicam um forte poder imaginativo e uma aguda sensibilidade dos artistas que ali imprimiram sua arte. Além de técnicas de pinturas mais elaboradas (que envolviam a raspagem da pedra para alisá-la), os animais retratados na caverna muitas vezes são apresentados em imagens sobrepostas, sugerindo movimento, como frames de um filme, algo como um proto-cinema. As próprias paredes de pedra onde estão pintados os animais não são planas, possuem uma dinâmica própria, conferindo mais movimento, que somadas à luz tênue das tochas dos homens, dão, de fato, vida às pinturas da caverna.
Seguindo a orientação dos cientistas, Herzog procede tentando captar as narrativas que emanam das pedras do interior da caverna: quais os sonhos, os medos e as sensações das pessoas que estiveram naquele lugar, a visão do mundo segundo aquelas pessoas que estão imortalizadas em suas pinturas. O diretor usa sua maestria ao valer-se das limitações impeditivas da caverna, como a escassez de luz e espaço para estabelecer um diálogo poético entre cinema e pintura, onde as dificuldades de enquadramento acabam por extrair narrativas humanas, sejam elas dos homens do paleolítico ou os cientistas ali trabalhando. Afinal, Herzog está fazendo um filme sobre a condição humana, um longo movimento lateral de registro do tempo.
E ele termina assim: “O que constituí a humanidade?”. O cientista incumbido da