Resumo - “A caverna dos sonhos esquecidos” (2011) – Direção: Werner Herzog
Transformada em uma verdadeira cápsula do tempo depois que sua entrada foi selada por um deslizamento de terra há cerca de 20 mil anos, a caverna foi vetada à visitação pública pelo governo francês, que busca, assim, preservar a integridade do achado – e, neste sentido, a entrada permitida ao cineasta Werner Herzog e à sua equipe representa talvez a única possibilidade que teremos de contemplar algumas das primeiras manifestações artísticas criadas no escuro e com carvão por nossos antepassados, bem como outras obras concebidas apenas pela ação da natureza e do tempo, como os depósitos de cristais de calcita sobre crânios de animais.
Impressionante pela escala das pinturas, pelo fato de estas visivelmente contarem pequenas histórias e por procurarem retratar o movimento dos animais através de sugestões gráficas (como um número maior de pernas), a caverna de Chauvet é encarada por Herzog, sempre fascinado pela Natureza, como um espaço quase religioso – algo manifestado nos corais que remetem ao sacro na trilha sonora e ao silêncio devotado que ele inclui em certa passagem do filme. Da mesma maneira, o rico design de som procura cercar o público com o gotejar constante da água que permeia as paredes da caverna enquanto a câmera do cineasta enfoca verdadeiras-obras primas como a cortina translúcida de pedra que desce das paredes do lugar.
Aventureiro como de costume, Herzog se esforça para ilustrar as dificuldades da filmagem apesar de jamais deixar o preciosismo de lado, levando os cientistas e