A casa inventada
O objetivo deste trabalho é apresentar o habitat informal construído pelos moradores de rua, abordando os elementos de seu design espontâneo e a maneira como eles se adaptam à vida nas ruas de cada cidade. São poucas as pesquisas que relacionem o morador de rua com sua materialidade. Trazer à tona este tema, presente não como um modo transitório, mas como fruto da sociedade pós-moderna, apresenta uma realidade onde a pobreza aumenta e a grande maioria vive mal. Trata se de um estudo teórico-observacional, e de pesquisa de campo realizada nas ruas de São Paulo-SP, e de Uberlândia-MG. A população de rua faz parte, do cenário das grandes cidades do mundo. São pessoas que, em algum momento de suas vidas, tiveram seus laços familiares e comunitários rompidos, por razões diversas. Na rua, eles constroem seu habitat informal, usa dos equipamentos urbanos, das praças, da arquitetura como abrigo, do lixo cada vez mais opulento e cria uma estratégia de sobrevivência desligada de qualquer convívio com a sociedade. As observações sobre a materialidade dos moradores de rua indicam semelhanças entre as estratégias de sobrevivência desta população, existindo uma economia e uma cultura da reciclagem desenvolvida pela pobreza. Na sociedade contemporânea, o descarte e a reciclagem propiciam uma separação entre o design do luxo, e o design vernacular, criativo e comum. O ritual cotidiano do descarte, da recuperação e da reciclagem que acontece no espaço público das cidades contemporâneas, faz re-pensar no design. Esse ato público manifesta um novo contexto, relacionando questões como: ambientais e pobreza urbana. Assim o design se torna uma ferramenta de ação política em defesa dos pobres, partindo para o questionamento de uma sociedade mais justa, que não olhe somente para princípios individuais, mas que construa a justiça social a partir de princípios de massa.
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