fichamento
“Em 29 de junho, as tropas de ocupação alemãs executaram 115 civis, todos homens, em Civitella Val di Chiana, uma cidadezinha montanhesa nas proximidades de Arezzo, na Toscana. Neste mesmo dia, 58 pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram mortas no povoado vizinho de La Cornia, e 39 no vilarejo de San Pancrazio. Tudo indica que esses atos foram uma retaliação pelo assassinato ele três soldados alemães por membros da Resistência, em Civitella, em 18 de junho.” (PG:103) “Ouvi fortes estampidos, batidas nas portas com mosquetes e ordens bruscas. De repente nossa porta foi sacudida por violentas batidas. Fui abri-la e dois alemães entraram na casa corri rifles abaixados; inspecionaram cada cômodo e ordenaram que saíssemos.” (pg:104) “[No dia seguinte], com outras mulheres, voltamos ao povoado à procura de nossos maridos. Ao chegarmos à praça, onde estavam todos os chapéus e o sangue, entre choros e gritos, encontramos nossos amados dentro das casas, num estado terrível, todos atingidos na cabeça, e um com a cabeça estourada.” (pg:104) “Esses acontecimentos geraram o que Giovanni Contini muito bem descreveu como uma “memória dividida”2. Contini identifica, por um lado, uma memória “oficial”, que comemora o massacre como um episódio da Resistência e compara as vítimas a mártires da liberdade; e, por outro lado, uma memória criada e preservada pelos sobreviventes, viúvas e filhos, focada quase que exclusivamente no seu luto, nas perdas pessoais e coletivas. Essa memória não só nega qualquer ligação com a Resistência, como também culpa seus membros de causarem, com um ataque irresponsável, a retaliação alemã: “Hoje, toda a culpa recai sobre os alemães... Mas nós culpamos os membros da Resistência, porque, se não tivessem feito o que fizeram, aquilo não teria acontecido. Eles mataram em retaliação” (M.C.)3. (pg:105) “Essas duas memórias –a das