A instituição inventada

4040 palavras 17 páginas
A INSTITUIÇAO INVENTADA
FRANCO ROTELLI
Publicado na Revista "Per la salute mentale/ For mental health" 1/88 – do “Centro Studi e Ricerche per la
Salute Mentale della Regione Friuli Venezia Giulia”

Faz-se necessário repetir algo para nós óbvio, mas desconhecido para muitos: a instituição que colocamos em questão nos últimos vinte anos não foi o manicômio mas a loucura. Discordo daqueles que dividem os dois p eríodos: o período manicomial do atual, não só por aquilo que obviamente é diferente (surplus de violência, papel da periculosidade social, totalização das pessoas), mas também por aquilo que para nós n2~ì o mudou: a própria essência da questão psiquiátrica. Assim, em recentes debates, tenho ouvido uma conceitualização da critica institucional toda referida à era do manicômio, reduzida ao problema de humanização, de eliminação de uma violência adicional e supérflua. Período que portanto se declara limitado e concluído. Creio que este equívoco seja fruto de uma banalização que desvia o caminho, interessada em reduzir e exorcizar os efeitos da ruptura epistemológica introduzida pela Instituição Negada e em
"reautonomizar" a Psiquiatria.
1. E’ provável que o equívoco não seja exatamente esse, mas uma profunda divergência no reconhecimento do objeto da Psiquiatria. O que era a instituição a ser negada? A instituição em questão era o conjunto de aparatos científicos, legislativos, administrativos, de códigos de referência cultural e de relações de poder estruturados em torno de um objeto bem preciso: "a doença", à qual se sobrepõe no manicômio o objeto
"periculosidade".
Por que queremos esta desinstitucionalização? Porque, a nosso ver, o objeto da Psiquiatria não pode nem deve ser a periculosidade ou a doença (entendida como algo que está no corpo ou no psiquismo de uma pessoa). Para nós, o objeto sempre foi a “existência-sofrimento dos pacientes e sua relação com o corpo social1. O mal obscuro da Psiquiatria está em haver
constituído

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