A carne
Júlio Ribeiro
Ao príncipe do Naturalismo
Emílio Zola
Aos meus amigos
Luís de Mattos, M.H. de Bittencourt, J.V. de Almeida e Joaquim Elias
Ao distinto fisiólogo
Dr. Miranda Azevedo
O.D.C.
Júlio Ribeiro
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Aos meus editores, os irmãos Teixeiras:
Ingratidão seria e injustiça não consignar aqui, na frente deste livro, o nome dos irmãos Teixeiras, desses livreiros ousados aos quais já tanto devem as nossas letras.
Inteligentes, ativos, empreendedores e, sobretudo, honrados, eles abrem um exemplo raro nesta país tão auspicioso, e todavia tão descrente: conhecendo quanto vale o labor cerebral, eles acoroçam-nos, levantam-no, remuneram-no.
O sucesso já lhes tem coroado os cometimentos; mores triunfos lhes reserva o futuro. Quando, nesta terra paulista, for a pena um instrumento de abastança, mais ainda, de riqueza, lembrem-se os homens de letras de que foram os irmãos Teixeiras os primeiros a dar cotação no mercado de S. Paulo ao trabalho literário.
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Ao sr. Émile Zola:1
Não sou temerário, não tenho a pretensão de seguir vossas pegadas; mas não é pretender seguir vossas pegadas escrever um simples estudo naturalista.
Ninguém vos imita, todos vos admiram.
“Nós nos inflamamos, diz Ovídio, quando se agita o deus que vive em nós”: pois bem o pequenino deus que vive em mim, agitou-se e eu escrevi A carne.
Não é L’assomoir, não é La curée, não é La terre; mas... uma candeia não é o sol, e todavia uma candeia ilumina.
Seja o que for, aqui está a minha obra.
Aceitareis a dedicatória que dela vos faço? Por que não? Os reis, embora cheios de riquezas, nem sempre desprezam os presentes mesquinhos dos pobres camponeses.
Permiti que vos preste minha homenagem completa, vassala, de servidor fiel, tomando de empréstimo as palavras do poeta florentino: Tu duca, tu signore, tu maestro.2 São Paulo, 25 de janeiro de 1888
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O texto abaixo, escrito originalmente em francês, é aqui apresentado em tradução.
Citação de Dante Aligheri: