A cabeça da criança com a separação dos pais
Podemos imaginar que, em momentos de fúria, nada mais importa, a não ser destilar o fel da raiva e da decepção sentida um pelo outro.
Porém não se deve esquecer que, dois seres transformaram-se em pai e mãe, com o dever de zelarem pela integridade física e mental dos filhos.
Todas as pessoas em torno do casal continuarão existindo, tendo que lidar com angústias e com momentos difíceis.
Poucas pessoas estão dispostas a encarar seus problemas de frente, sem se valerem de subterfúgios e escapes, com o objetivo de não se falar a respeito daquilo que mais incomoda.
A criança é um alvo muito fácil perante as dificuldades dos adultos em falarem a respeito daquilo que ninguém diz, mas tem muita vontade de dizer. Ela, muitas vezes, é usada para falar aquilo que o adulto não tem coragem de dizer a outro adulto. Muitas vezes esses adultos são seus familiares e, por mais que se imponham às crianças, elas continuam tendo idéias próprias a respeito deles. Pelo menos deveriam ter, ou serem estimuladas nessas idéias e não manipuladas em seus pensamentos.
A criança deve ser respeitada para poder aprender a respeitar também. Se os pais separados não se entendem entre si, muitas vezes não entendem a si próprios. Imagine só o que se passa pela cabeça de uma criança, no meio de tanta desordem. Os pais podem ser responsáveis no plano jurídico, no plano da educação moral, mas não podem responder a tudo. Aliás, alguém pediu a aprovação dessa criança no momento da separação? Sua vida não pode ser um "pingue-pongue" nas mãos de poderosos adultos que dizem por elas palavras que nem ousariam pensar, que a cerceiam de estar com as pessoas tão íntimas, próximas, que fizeram parte do seu pequeno universo.
Um adulto consciente deve repensar seus valores, pesar as consequências de seus atos e ter a humildade de saber se será capaz, neste momento, de lidar, de uma forma menos destrutiva, com suas emoções, sem que façam mal tanto a