A BIOÉTICA A Bioética refere-se, normalmente, a questões éticas que vêm aparecendo com o avançar das ciências da vida. Nasceu por volta dos anos 70 no contexto do progresso científico e tecnológico que se fazia sentir no interior das ciências biomédicas. Desde então, vários contributos, oriundos de diferentes áreas do saber, têm permitido o diálogo e discussão acerca dos problemas bioéticos. O problema bioético que eu decidi abordar no meu trabalho foi a clonagem, uma vez que é um dos problemas bioéticos que mais polémica causa atualmente. Durante muito tempo, a clonagem foi coisa de jardineiros. O termo não sugeria uma árdua experimentação biológica. Não estava associado à evocação de riscos consideráveis para a humanidade. Ninguém pensava nas técnicas de hoje: cultura de células específicas ou reprodução não sexuada. A palavra “clonagem” designava apenas uma maneira antiga e extremamente simples de multiplicar os vegetais. De maneira relativamente recente mas já demasiado difundida o termo deixou de evocar a horticultura para significar a manipulação da vida animal. A nova perspectiva da clonagem abre a possibilidade de enxertos internos nos seres vivos, assépticos, rigorosos e indolores. O nascimento da ovelha Dolly acabou por popularizar o termo na sua acepção biológica contemporânea. Da clonagem reprodutiva de um mamífero passou-se rapidamente à interrogação sobre o que poderá acontecer à espécie humana na assepsia dos laboratórios. “Clonagem humana” é uma expressão ainda demasiado vaga. Uma importante distinção deve, pois, ser feita entre clonagem reprodutiva e clonagem de células. A clonagem humana reprodutiva é uma técnica que permite criar uma