A biblioteca de alexandria
Jacir J. Venturi
A destruição da Biblioteca de Alexandria, no Egito, às margens do Mar Mediterrâneo, talvez tenha representado o maior crime contra o saber em toda a história da humanidade.
Em 48 a.C., envolvendo-se na disputa entre a voluptuosa Cleópatra e seu irmão, o imperador Júlio César manda incendiar a esquadra egípcia ancorada no porto de Alexandria. O fogo se propaga até as dependências da Biblioteca, queimando cerca de 500 mil rolos. Restaram aproximadamente 200 mil.
Depois que o imperador Teodósio baixou decreto proibindo as religiões pagãs, o Bispo Teófilo – patriarca da cidade, de 385 a 412 d.C. – determinou a queima de todas as seções que contrariavam a doutrina cristã.
Em 640 d.C., o califa Omar ordenou que fossem destruídos pelo fogo todos os livros da Biblioteca sob o argumento de que "ou os livros contêm o que está no Alcorão e são desnecessários ou contêm o oposto e não devemos lê-los".
Todos os grandes geômetras da Antiguidade se debruçaram sobre os seus vetustos pergaminhos e papiros. Euclides (c.325 - c. 265 a.C.) fundou a Escola de Matemática na renomada Biblioteca.
Fazia parte de seu acervo a mais conspícua obra de Euclides, Os Elementos, que constitui um dos mais notáveis compêndios de Matemática de todos os tempos, com mais de mil edições desde o advento da imprensa (a primeira versão impressa apareceu em Veneza, em 1482). Segundo George Simmons, "a obra tem sido considerada responsável por uma influência sobre a mente humana maior que qualquer outro livro, com exceção da Bíblia ".
A já citada Biblioteca estava muito próxima do que se entende hoje por Universidade. E se faz apropriado o depoimento do insígne Carl B. Boyer, em A História da Matemática: "A Universidade de Alexandria evidentemente não diferia muito de instituições modernas de cultura superior. Parte dos professores provavelmente se notabilizou na pesquisa, outros eram melhores como administradores e outros ainda eram conhecidos