A Babá Sueca
Todos nós, amantes do futebol, pelo menos aqueles com mais de 40 anos, começamos a gostar do esporte num campo de várzea perto de nossa casa. Vem dali nossos primeiros ídolos, muitas vezes eternizados em nossas memórias. De modo particular, nos dias atuais, quando nos deparamos no Pacaembu ou no Maracanã com alguns jogadores profissionais, que mal sabem dar um passe de dois metros, lembramo-nos dos craques do time de nosso bairro: o toque de bola e os lançamentos de quarenta metros do meia esquerda, da categoria do zagueiro central, incapaz de um chutão, e os dribles desconcertantes de nossos pontas. Ainda hoje, num domingo de manhã, encostado na reluzente Brasilia 1977, á beira de um campo da várzea da Tiquatira vejo laterais melhores que Pará, Alessandro e outros, desarmando, passando e fazendo cruzamentos certeiros no segundo pau.
Mas, vamos ao que interessa. Cidão era um desses ídolos locais. Lenda na Alta Mogiana, goleador nato, centroavante rompedor com alguma técnica, inúmeros troféus de artilheiro e campeão, nenhum de melhor jogador dos torneios que disputou durante dezesseis anos. Começou a jogar ainda menino no Guaíra Esporte Clube, o melhor time da cidade. Com dezesseis já era profissional e foi artilheiro da quarta divisão, campeonato oficial da FPF. Nos dois campeonatos em que participou pelo Guaíra sua média de gols foi de 1,80 por partida, marca jamais igualada em torneios profissionais, com mais de dez times, exceto Just Fontaine na Copa do Mundo de 58. Mas a França jogou apenas seis vezes naquela Copa, enquanto Cidão jogou trinta e oito partidas naqueles dois campeonatos.
Com o fim do Esporte Guaíra, era hora de procurar novos