A arte para platão
Para Platão tudo o que podemos tocar e sentir na natureza "flui". Não existe, portanto, um elemento básico que não se desintegre.
Absolutamente tudo o que pertence ao mundo dos sentidos é feito de um material sujeito à corrosão do tempo. Ao mesmo tempo, tudo é formado a partir de uma forma eterna e imutável.
Já nos primeiros escritos Platão desdenhava a poesia, por julgá-la efetivamente inferior à filosofia. O poeta não é poeta, segundo ainda o nosso filósofo, por meio do conhecimento, mas da “intuição irracional”.
Ao compor, está “fora de si”, e é “invadido”; ignora a razão do que faz, e não pode ensinar aos outros o que faz. O poeta só o é por “destino divino”, não por virtude provinda do conhecimento.
No décimo livro d’A República Platão aprofunda esta visão negativa da arte. Trate-se de poesia ou de pintura, a arte constitui sempre uma mímesis, uma imitação de realidades sensíveis (coisas, homens, fatos).
E, por considerar que as realidades sensíveis representam, ontologicamente, apenas imagens das Idéias paradigmáticas e, por conseguinte, se afastam do verdadeiro na medida mesma em que a cópia dista do original, Platão não pode considerar senão que a arte, por ser imitação, por seu turno, das realidades sensíveis, é “imitação de imitação”, permanecendo “três vezes distante do verdadeiro”.
A arte, pois, é tendencialmente corruptora, conquanto, se se submeter às leis do verdadeiro, ou seja, às regras da filosofia, e assim servir ao Bem, possa salvar-se. Caso contrário, há de ser banida do Estado perfeito.
Com respeito à arte, entretanto, Platão segue interessando-se centralmente pelos seus efeitos educativos e morais, pelas suas funções recreativas, e pelo rigoroso controle a que há de estar submetida pelo Estado.
É que o nosso filósofo “não chega a perceber — ou não o manifesta bastante — que o distintivo específico da contemplação estética é o desinteresse”, o que, se após Platão já foi afirmado vezes sem