Platão e a arte
Para Platão, a filosofia se baseia na existência de dois “mundos” (dualismo):o mundo das idéias imutáveis, eternas, e o mundo das aparências sensíveis, perpetuamente mutáveis. Acrescenta-se que o mundo das Idéias é o único mundo verdadeiro. O mundo sensível, portanto, seria uma cópia imperfeita do mundo das idéias. Nesse dualismo encontramos oposições, como por exemplo, o “bem” e o “mal”, limitando os pensamentos mundanos em nome de valores superiores.
Em seu livro X da obra A Republica, Platão faz uma crítica a arte, especialmente a poesia, baseada nesse conceito de verdade. A poesia assume uma função tida indispensável na Grécia Clássica, já incorporada na cultura e maneira de ensinar do povo. Platão, então, deseja que a filosofia assuma o lugar ocupado pela poesia, da mesma forma que os filósofos deveriam receber o destaque na cidade que era dado aos sofistas. Ele é cuidadoso em não apenas dizer que a filosofia haveria de ocupar a função da poesia, mas tenta, no livro X, provar a inutilidade da poesia ou, melhor ainda, que essa produz patologias na alma humana.
Para Platão, as artes (poesia, pintura, escultura,...) são apenas imitações dos objetos presentes no mundo sensível, portanto, são apenas ilusões. A arte, e o artista, não alcançam a verdade e, por conseguinte, não alcançam também o verdadeiro belo nem o bem. A beleza em si não pode ser definida a partir da observação do mundo sensível, ela é de ordem intelectual, se revela como a apreensão intelectual da justa medida, da harmonia. Portanto, somente através da filosofia poderíamos alcançar a beleza e a verdade.
Platão critica, principalmente, o legado dos belos poetas trágicos, em especial Homero, pois estes se aferraram ao reino das aparências desconsiderando as essências dos conceitos apresentados em obras tais como a Odisséia. Ele não nega que se sente prazer, mas, em nome da razão, é necessário reprimir o desejo de identificação com os infortúnios de tais heróis, pois senão