A arte de construir o invisível: o negro na historiografia educacional brasileira
Marcus Vinícius Fonseca
Introdução
“Tratar da invisibilidade dos negros na historiografia educacional brasileira é uma tarefa que entendemos como fundamental, pois, no Brasil, esse tem sido um tema freqüente dos debates educacionais e das ciências humanas, mas ainda não mobilizou os pesquisadores em história da educação. Este artigo tenta traçar um breve panorama dessa questão no interior da história da educação e procura avaliar a importância de considerar os negros sujeitos nas narrativas que tratam do desenvolvimento histórico dos processos educacionais.” (p.13).
“realizar uma análise teórica que trata das diferentes configurações da história da educação e a maneira como cada uma delas lidou com os negros em suas formas de construção da narrativa [...] análise a província de Minas Gerais e procuramos explorar um conjunto de fontes documentais que registram um predomínio dos negros nas escolas do século XIX (e início do século XX) e que caminham em direção contrária a uma idéia relativamente consolidada na historiografia educacional, que concebe a escola como um espaço privilegiado do grupo racial representado pelos brancos.” (p.13).
“problematizar o sentido adquirido pela invisibilidade dos negros e a necessidade de sua superação dentro do movimento de transformação que vem reconfigurando a história da educação.” (p.13).
A constituição da história da educação e a construção de um padrão de abordagem em relação aos negros
“A historiografia vem cada vez mais problematizando as formas de abordagem sobre os negros e contestando a maneira como eles foram tradicionalmente tratados nos processos de escrita da história.” (14).
“As concepções, que durante muito tempo imperaram na historiografia, reduziram os negros à condição de objetos. Um ser em situação de absoluta dependência, ao qual tudo era negado e que não possuía nenhuma capacidade de ação e reação dentro da