A arte como valor e a atuação das instituições museológicas
“A ideia matriz de Raymond Moutin é que, num mercado de arte bem organizado, nenhum dos atores envolvidos é capaz de distinguir de modo claro e preciso quais são os valores, estéticos ou econômicos, que entram em jogo quando eles exprimem um julgamento sobre uma obra de arte” (H. Becker)
Profa. Dra. Maria Amélia Bulhões2
A problemática do valor em arte pode ser abordada por inúmeros ângulos. Entretanto, é preciso destacar que a arte é, por si própria, uma categoria social instauradora de valor.
Isso porque, de um imenso conjunto das práticas simbólicas plásticas – que envolvem todo tipo de manifestação: desde uma blusa pintada, exposta em uma feira de artesanato, até uma cadeira, sua foto e a definição da mesma via dicionário, de Joseph Kosuth, exposta no
MOMA em Nova York, em 1965, passando pela pintura corporal e pelo grafite −, somente uma pequena parcela recebe a definição, o reconhecimento coletivo e o valor de arte.
Nesse reconhecimento, as instituições museológicas desempenham um importante papel.
1 COUTINHO, Fábio (org.). Arte Conceitual (24 jul. 2009). In: Enciclopédia de Arte Visuais: Itaú Cultural. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_ordem_alfabetica&cd_idioma=28555 2 Maria Amélia Bulhões é doutora em História da Arte, curadora, crítica e professora do programa de Pós-Graduação em
Artes Visuais do Instituto de Artes da UFRGS.
Elas constituem o lugar oficial da arte. Tudo o que é produzido como arte, difundido, comentado e vendido como arte, em algum momento, passa por um museu ou por uma grande exposição institucional.
Essa [a arte] é uma categoria social bastante recente, tendo surgido como resultado de um status-quo que determinados produtores obtiveram a partir do Renascimento. Os pressupostos desse grupo de criadores, bem como suas conexões com a elite que os mantinha foram brilhantemente analisados