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No Brasil, as mudanças ocorridas mais intensamente a partir dos anos 70, esclarece Abranches (1994), vêm sendo feitas de crises, de adaptações traumáticas a novos tempos e de impasses sociais. As elevadas e permanentes taxas de inflação, as desordens nas contas públicas, a dívida externa e a redução do crescimento na economia, presenciados no final dos anos 70 e intensificados sobremaneira neste segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, são decorrentes do esgotamento do padrão de acumulação. Nas três últimas décadas, a política, a economia e a cultura do país vêm sofrendo modificações. Fica cada vez mais evidente, segundo Pereira (1997) que as dificuldades desse período, agravadas ainda mais em 1999, com a desvalorização do Real, são oriundas da crise fiscal, do modo de intervenção estatal e da forma burocrática pela qual o Estado é administrado. A partir nos anos 80, o Estado passa a ser visto como responsável pela crise social do país. A falta de apoio financeiro às políticas públicas federais, aliada às exigências capitalistas por novas formas de produção e competitividade, mobilizou a sociedade civil para a transição política e para a discussão sobre a reforma do Estado.
Há quase vinte anos, discorrendo sobre políticas públicas, Pedro Demo (1979) expôs a problemática da situação nacional, fazendo um retrospecto dos ciclos da política social no Brasil. E, já naquele período, ele indagava a viabilidade da formação de uma sociedade menos desigual num país em desenvolvimento. Demo afirmava que o processo de desenvolvimento não se concebe sem planejamento e que a redução das desigualdades não se dá por si só. Ele alertava que era preciso forçar o mercado a assumir padrões redistributivos, pois era necessário também intervir na realidade de maneira a alcançar um desenvolvimento com metas mais racionais e desejáveis, obtendo assim uma sociedade mais igualitária. Vinte anos depois, para muitos, pouco ou quase nada mudou.
A falta de uma postura