POBREZA E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA
Existem diferentes maneiras de se medir distribuição de renda. A forma mais utilizada é o Coeficiente de Gini, elaborado em 1912, pelo matemático italiano Corrado Gini. Esse índice, na realidade, pode ser utilizado para medir qualquer tipo de distribuição, inclusive de renda. O Coeficiente de Gini resulta, sempre, em um número que varia entre zero e um. Zero representa uma completa igualdade na distribuição da renda, ou seja, todos os indivíduos têm a mesma renda. Um é a situação oposta, é a completa desigualdade, em que apenas um indivíduo detém sozinho toda a renda e os outros não têm nada.
De acordo com estudo realizado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o Coeficiente de Gini do Brasil, em 2003, foi de 0,593, o que nos deixou na oitava posição entre 177 países. O Brasil ficou atrás apenas de Suazilândia, República Centro-Africana, Serra Leoa, Botsuana, Lesoto, Namíbia e Guatemala. Observe que, exceto a Guatemala, todos os países mais desiguais que o Brasil se localizavam no continente africano.
A desigualdade no Brasil
Por que o Brasil é tão desigual? São inúmeras razões de cunho histórico que explicam essa realidade. Para compreendermos mais profundamente essa questão, teríamos que voltar ao período colonial. A concentração de renda tem relação com a forma como as terras foram repartidas naquele período, tem a ver, também, com os 300 anos de escravismo do país e até mesmo com o modelo de desenvolvimento baseado na substituição de importações.
Analisaremos apenas alguns fatos importantes da nossa história recente relacionados com esse problema. Vamos começar pelo período militar. Nos anos 1960 e 1970, houve aumento da desigualdade no Brasil. Existem várias explicações para isso. Uma primeira resposta centra a análise no mercado de trabalho. Com o crescimento acelerado do país, houve elevação na demanda por mão-de-obra qualificada, gerando aumento de salário dos profissionais. O mesmo não