Voz Na Arte
Autor: Domingos Sávio Ferreira de Oliveira
Especialista em Voz Foneticista
Introdução
O ator é o profissional que transmite ao outro a obra escrita. É, grosso modo, um co-autor, pois consegue dar vida a personagens retirados de textos escritos. Assim, o texto imprimido, composto por um grande número de letras, vocábulos e frases, transforma-se em um continuum sonoro, enriquecido por uma interpretação rica de nuanças, conteúdo emocional, veracidade, entre outras características. Para cada segmento sonoro ( parte deste continuum sonoro), temos uma palavra correspondente do texto escrito. Contudo, esta correspondência, de forma alguma, pode ser considerada equivalente. Isto se deve ao seguinte fato: o segmento sonoro é uma realidade física, sonora, e como tal, transmite um conjunto imensurável de informações vivas e quase sempre diferentes (ou muito diferentes) daquelas transmitidas por uma sucessão de letras da palavra impressa. Sendo assim, a realização concreta da palavra, a fala em si, oferece ao intérprete uma gama muito grande de escolhas significativas, tendo, como resultado, diferentes reações e impressões manifestadas pelo espectador. O ator é, portanto, o artista que “joga e inventa” com as palavras. Utiliza-se, para este fim, inflexões e acentos expressivos, diferentes ritmos, variadas velocidades de fala, uma articulação necessariamente clara, sem exageros, e uma elocução com pronúncia teatral. No entanto, é preciso ressaltar que todo esse fazer “cênico”, difere, naturalmente, de nossa comunicação cotidiana, estabelecendo claramente os limites entre a fala artística e a fala do dia-a-dia. Há, com base no que acabamos de expor, uma estreita relação/colaboração entre o escritor (dramaturgo, romancista, poeta ou cronista) e o ator. Por trás de cada gesto