Gal a todo vapor
Uma voz a todo vapor: Doce-Gal-Fa-Tal
Edélcio Mostaço, Priscila Wetter dos Anjos Marinho.
RESUMO
O artigo investiga a obra vocal da artista Gal Costa no show e disco “FA-TAL- GAL A TODO VAPOR” de 1971. Várias avaliações desse trabalho colocam a artista na posição de uma das cantoras mais modernas do país. Num momento difícil de nossa história, no auge da Censura imposta pelo regime militar, ela é dirigida por Waly Salomão, que procura levar ao palco os sentimentos da sociedade da época, através de um repertório que evoca quer a tristeza quer a alegria daquela dessa situação. A cantora soube exprimir-se enquanto intérprete, performando uma ação intensa carregada de experimentalismo, características autorais inovadoras em relação ao papel do intérprete no âmbito da música popular.
Palavras-chave: performance; intérprete; corpo-voz; Gal Costa.
O que garante o nexo interno entre os elementos do indivíduo? Só a unidade de responsabilidade. Pelo que vivenciei e compreendi na arte, devo responder com a minha vida para que o todo vivenciados e compreendidos nela não permaneçam inativos. Mikhail Bakhtin
A todo vapor
Desde a invenção da fotografia, que o registro de nossos melhores momentos passaram a ter uma memória visual. Com o surgimento dos processos de gravação de sons e depois com o cinema registramos também nossas vozes e imagens. Muitos acontecimentos artísticos transformaram-se em documentos históricos, a partir dessas invenções e seus aprimoramentos ao longo dos últimos dois séculos. A música em particular, com o surgimento do fonógrafo e, posteriormente com as gravações em disco de cera foi à atividade artística que mais registros produziu e, assim, pôde através do áudio contar e cantar um pouco a sua história. É graças a essa tecnologia que podemos ouvir, por exemplo, um show de Gal Costa realizado no Teatro Tereza Raquel no Rio