Viés
Costuma-se acreditar que quando se relatam dados da realidade, não pode haver nisso subjetividade alguma e que relatos desse tipo merecem toda a nossa confiança porque são reflexos da neutralidade do produtor do texto e da sua preocupação com a verdade objetiva dos fatos.
Mas não é bem assim, mesmo relatando dados objetivos, o produtor do texto pode ser tendencioso e ele, mesmo sem estar mentindo, insinua se julgamento pessoal pela seleção dos fatos que está reproduzindo ou pelo destaque maior que confere a certos pormenores.
O uso do viés é um dos recursos argumentativos acionados para construir textos, pois se trata de um expediente explorado pelo produtor com vistas a levar o leitor a crer naquilo que ele diz.
Não é preciso dizer que, em maior ou menor grau, explora-se esse tipo de expediente na prática social. nas campanhas políticas, órgãos de imprensa, dizendo-se imparciais e comprometidos com a neutralidade da informação, não podem manifestar claramente suas preferências partidárias. Mas eles acabam encontrando maneiras veladas de fazer propaganda, como, por exemplo, a prática do viés.
Se o jornalista põe em destaque que um certo candidato não acredita em Deus; liberaria o uso da maconha se eleito; gastou boa parte de seu tempo em pesquisas teóricas e teve pouco contato com a prática, isso tudo pode ser verdade e concorre para desmerecer o candidato diante da maioria dos eleitores.
Se, por outro lado, o jornalista revelasse que esse mesmo candidato mantém ótimas relações com os religiosos e os respeita profundamente; é contrário ao uso de drogas, mas acha que não é pela proibição legal que devemos combatê-lo, lecionou em universidades de renome internacional e desenvolveu pesquisas no campo da sociologia, economia e da política, isso também é verdade e apresenta o contraponto do relato anterior.
Essa verificação destrói a ilusão da imparcialidade: sempre que relatamos algo, nosso julgamento está distorcendo ou enviesando a realidade.
Até os