Teste de vies
Como em várias outras atividades, a pesquisa em Economia internaliza um conflito entre qualidade e quantidade. Para avaliar tal conflito, este artigo documenta as publicações de 94 pesquisadores do CNPq e 1.209 pesquisadores de 54 centros americanos de referência em Economia (44 ortodoxos e 10 heterodoxos). Os dados mostram que, entre 1999 e 2004, a média de publicações internacionais dos pesquisadores do CNPq é extremamente pequena, quando comparada com a dos americanos com mesma orientação metodológica. Ainda assim, o número médio total das publicações dos pesquisadores no Brasil é estatisticamente maior, sugerindo um sacrifício de qualidade para aumentar o número de publicações.
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, professores de Economia são freqüentemente requisitados por órgãos de comunicação para falar sobre inflação, juros, crescimento e, mais recentemente, crime. Tais discussões são em geral marcadas por citações de estatísticas que, possivelmente, reforçam a percepção de que economistas superestimam aspectos quantitativos, em detrimento de importantes dimensões qualitativas. Realmente, uma grande parte dos pesquisadores em Economia parece buscar formas de quantificar efeitos, o que pode ser interpretado como uma tentativa de ignorar dimensões qualitativas dos problemas. Ainda assim, pelo menos um dos trabalhos mais influentes na teoria de contratos, Holmstrom e Milgrom (1991), ganhou fama justamente por identificar dificuldades e soluções para o desenho de incentivos, em situações que envolvam tarefas de difícil mensuração como, por exemplo, prover qualidade.
Uma fábula envolvendo economistas talvez ajude a entender a contribuição de Holmstrom e Milgrom (1991). A fábula começa com um fato comum na vida acadêmica americana. Um recém doutor ocupa uma posição de professor assistente e contrata um construtor para reformar o apartamento adquirido, quando da chegada à nova cidade. Assim como no Brasil, as empresas americanas de construção freqüentemente