“Ele está sonhando” para referir a alguém que está acordado e diz ou pensa algo que se julga impossível ou improvável. Nesse caso, segundo Chauí, acredita-se que sonhar é diferente de estar acordado, que no sonho, o impossível e o improvável apresentam-se como possível e provável, e também que o sonho se relaciona com o irreal, enquanto a vigília relaciona-se com o que realmente existe. Assim, acreditamos que a realidade existe fora de nós, que pode ser percebida e conhecida como realmente é, e por isso cremos que sabemos diferenciar realidade de ilusão. Chauí nos mostra mais exemplos de crenças quando fala sobre verdade e mentira, sendo que a primeira diz as coisas tais como são, enquanto a segunda faz o contrário, distorce a realidade. Ao considerar a mentira diferente do sonho, da loucura e do erro (devido o sonhador, o louco e o que erra se iludirem involuntariamente enquanto o mentiroso decide por voluntariedade deformar a realidade e os fatos), acredita-se que o erro e a mentira são falsidades, porém são diferentes porque somente na mentira existe a decisão de falsear. Assim, manifestamos, ainda que silenciosamente, a crença de que somos seres dotados de vontade, dependendo dela a decisão de mentir ou ser verdadeiro. A autora mostra também que quando somos avisados que alguém está mentindo, a mentira torna-se “aceitável”, citando como exemplos as novelas, filmes e romances. Ao diferenciar verdade e mentira e distinguir mentira aceitável de mentira inaceitável, referimos não só ao conhecimento ou desconhecimento da realidade, mas também ao caráter da pessoa, à sua moral. Conclui então que, o poder de escolha da vontade definirá se uma pessoa é moral ou imoral, e ainda, que ao exercer esse poder, exercemos nossa liberdade, pois cremos que somos livres por escolhermos voluntariamente nossas ações, idéias e sentimentos.
A autora também diz que uma pessoa pode perder sua objetividade e deixar-se guiar pelos seus sentimentos e não pela realidade. Isso ocorre,