Vitruvio Maciel
Revisto por João Pedro Xavier, FAUP (jpx@arq.up.pt)
Nº de palavras: 1317
No âmbito das “Comemorações do Dia Mundial da Arquitectura”, promovido pela
Ordem dos Arquitectos (SRN) no ano transacto, tivemos oportunidade de rever em vídeo as Aulas de Teoria Geral da Organização do Espaço, dadas por Fernando Távora, no ano lectivo de 1992/93, aos alunos da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.
Esta foi uma oportunidade de relembrar o magistério do nosso maior professor e cabe aqui evocar, particularmente, a primeira aula, que também foi minha e de tantos, autêntico momento de iniciação à arquitectura, para a qual Távora convocava, significativamente, Marcus Vitruvius Pollio, nome que, com solenidade, fazia aparecer no papel de cenário com um marcador feito cinzel, como se de uma lápide de mármore se tratasse, gravando-o assim, definitivamente, na nossa memória.
Por ele nos ensinava que uma obra de arquitectura deve respeitar os princípios da solidez
(firmitas), da funcionalidade (utilitas) e da beleza (venustas), apresentando-nos, sabiamente, as razões de Vitrúvio que tinha feito suas e que pretendia viessem a ser nossas. A aula construía-se a partir da leitura comentada da parte inicial do Tratado (1, 1, 1-16).
Que a ciência do arquitecto é ornada de muitas disciplinas e de vários saberes, estando a sua dinâmica presente em todas as obras oriundas das restantes artes, que nasce do justo equilíbrio da prática e da teoria e que na arquitectura, de uma feição especial, se verificam estas duas realidades: o que é significado e o que significa. Em seguida, vinha o desfiar de razões para se saber de literatura, desenho, geometria e aritmética; história, filosofia e música; medicina, direito e astronomia, ou seja, a demonstração da necessidade de possuir uma cultura geral vasta colhida em diferentes domínios