Visão do crime e criminoso para a Psicologia
No século XIX, a psiquiatria divide as perversões em dois tipos, de acordo com sua origem: as adquiridas, por condições de restrição ambiental; e as verdadeiras, ligadas à concepção hereditário-degenerativa. Em meio a essas concepções, Freud começa seus estudos sobre a perversão e caminha de uma descrição das perversões sexuais para uma teorização do mecanismo geral da perversão. A metapsicologia freudiana tem duas explicações para a perversão: a primeira é decorrente da polimorfia da sexualidade infantil e a segunda, do fetichismo, como recusa à castração. Tanto as psiconeuroses, como as perversões são concebidas como resultados de distúrbios do desenvolvimento psíquico-individual. Na obra de Freud encontramos a ideia sobre perversão em constante movimento, até chegar à construção sobre a resolução do Édipo, resolução diferenciada entre neuróticos, psicóticos e perversos. Ele aproxima neuróticos e perversos, afirmando que um é o negativo do outro; o que é recalcado e inconsciente no neurótico corresponde ao atuado no perverso (SEQUEIRA, 2009).
No livro Três ensaios sobre a sexualidade (Freud, 1905/1995a), temos a sexualidade infantil, a partir do perverso polimorfo e da ideia de que a satisfação sexual infantil não se dá por uma única zona erógena, mas de forma generalizada por todo o corpo, ainda não fixada à satisfação genital; o mesmo ocorreria na perversão, por meio de uma fixação, numa pulsão parcial que escapou ao recalque. A distinção entre perversão e normalidade estaria na fixação, na exclusividade de uma determinada prática para alcance da satisfação sexual. Porém, ao final do texto, ao falar da escolha objetal (definida a partir da resolução edípica e dos conteúdos pré-genitais), Freud aponta que a perversão tem uma relação com a castração (SEQUEIRA, 2009).
Freud continua sua elaboração da perversão em Teorias sexuais infantis (1908/1995b) e, em Análise de uma fobia de um menino de cinco anos