Violência contra crianças
Por todos os lados, o homem continua sendo "posto a ferros", e essa repressão começa já dentro de casa, na educação fornecida pela família. Em nome de "educar" os filhos, muitas vezes os pais veem a necessidade de obrigar ou de proibir as crianças de fazerem coisas para as quais não encontram argumentos, e acabam recorrendo a medidas coercitivas - os chamados castigos, que podem ser morais ou físicos.
Embora sejam a própria sociedade e suas exigências que levam a esse comportamento, hipocritamente o Estado tem um discurso contrário aos eventuais abusos cometidos pelos pais, chegando a prever uma lei a punição para esses abusos. Na esteira da repercussão do caso Nardoni, surgiu no Brasil a polêmica proposta de lei que pode punir até mesmo palmadas que sejam dadas pelos pais em seus filhos.
Os pais ficam proibidos de punir os filhos fisicamente, e caso o façam podem ser... punidos fisicamente - com a perda de sua liberdade realizada de maneira violenta, através da prisão. Que tipo de lição pode ser tirada disso? Se é errado punir de maneira abusiva, se os pais devem conseguir outras maneiras de educar seus filhos, por que o Estado deve "educá-los" por meio da punição?
Essa própria proposta de lei revela as contradições profundas que fazem com que o problema da violência de pais contra filhos não possa ser resolvido simplesmente por uma lei. Em uma sociedade tão repressiva, que pune até mesmo a repressão com mais repressão, como um indivíduo pode ser criado livre, sem por todos os lados ser posto a ferros?