violencia sexual
Tais idéias, predominantes nos discursos femininos, especialmente nos das profissionais de enfermagem e de odontologia, reafirmam a representação da sexualidade masculina como único lugar de iniciativa e a naturalização da apropriação sexual e social do corpo feminino.
A representação que reforça a assimetria na esfera da sexualidade promove a inibição do desejo feminino. Além disso, a visão da se- xualidade masculina como necessidade e im- pulso biológico instintivo, aplicada à sexuali- dade feminina, legitima a dominação, o contro- le e a violência sexual cometida nas relações conjugais. Os profissionais de saúde, ao explicitarem sua visão da violência sexual como distúrbios de comportamento, mostram que comparti- lham a idéia que relaciona virilidade e agressi- vidade na relação entre homem e mulher. Es- pecificamente, nos depoimentos dos profissio- nais do sexo masculino, os agressores são iden- tificados como homens de “um temperamento agressivo com a companheira” (Oo1) e aqueles
“homens que são pervertidos sexuais” (Mo3).
Há, portanto, nessa representação, uma forte associação entre ser violento e ser homem, re- forçando marcas identitárias comumente rela- cionadas à masculinidade.
Ampliando a discussão acerca da associa- ção entre masculinidade e violência, Machado
20(p. 235) afirma: “o imaginário da ‘sexualida- de feminina como aquela que se esquiva para se oferecer’ parece ser a contraparte do imaginário da sexualidade masculina como aquela que tem a iniciativa e que se apodera unilateral- mente do corpo do outro”.
Para esse autor, o ato da imposição sexual ganha a figura metafórica da imposição