vidas secas
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 114 ed. Rio de Janeiro, RJ: Record, 2010. 174 p. ISBN 9788501067340.
Publicado pela primeira vez em 1938, Vidas Secas narra a história de uma família de retirantes sertanejos que vive uma vida de migrações em busca de trabalho, comida e morada.
Sempre temendo a seca (e às vezes as cheias), a família de Fabiano vê o tempo passar em variadas épocas, narradas atemporalmente (a não ser pelos primeiro e último capítulo) sob o ponto de vista de cada um deles, cada qual com seus conflitos internos, desejos simplórios e pensamentos.
Sem dúvidas, o grande destaque do livro é a icônica Baleia, a cachorra de estimação da família que sobreviveu às piores provações ao lado dos donos. Graciliano Ramos conseguiu que uma cachorrinha cativasse mais seus leitores do que os personagens humanos, talvez pelo fato de que Baleia represente aquele animal querido que quase todos tiveram em suas infâncias. Tendo uma vida sofrida como a família de Fabiano ou não, não há como não se emocionar com o turbilhão de emoções sentida pela cachorra ou pelo próprio Fabiano quando precisa decidir pela vida de sua pequena companheira. O mesmo pode-se dizer de Sinha Vitória que chora ao lembrar do papagaio sacrificado para saciar a fome dela, do marido e dos dois filhos.
Um livro com personagens tão simplórios e com significados tão complexos, como poucos autores seriam capazes de escrever. Triste e angustiante em algumas partes, divertido em outras. Um clássico da literatura nacional que retrata a realidade sofrida por grande parte do povo nordestino e o caráter de um vaqueiro rude que mal sabe usar as palavras, mas é mais digno que aqueles que têm sobre ele poder. E que apesar das privações, nem ele e nem sua família perdem as esperanças de encontrar um lugar