É... está tudo acabado... Nada mais posso fazer. Sou um velho débil, inútil para a sociedade. Ninguém sentirá a minha falta. Apenas agradecerão a grande quantia depositada na conta daquelas instituições filantrópicas... Ao menos servi para algo nesse mundo... É melhor sair assim, como entrei, no esquecimento. Para quê sofrer e virar um idoso decrépito em um asilo aos meus 89 anos. Lutei, toda uma vida; meu ódio e ambição caminharam de mãos dadas. Pisei, sim, pisei em muitos. Fui cego, me arrependo. Trabalho, dinheiro, trabalho, dinheiro. Essa foi a minha rotina. Perdi muitas noites de sono procurando um meio de ser bem sucedido. CONSEGUI. E depois? O vazio... Eu adquiri tudo que sonhei. Mulheres, dinheiro, fama, inveja. Nos dias da estessante Wall Street, eu era o rei. Achei que tinha encontrado a verdade absoluta. Porém, descobri que ela não existia tarde demais. Tive uma família, de fachada. Filhos desconhecidos e mulher interesseira. Outros lances com muitas conhecidas desconhecidas. E agora estou aqui, no topo desse prédio de Manhatan, escrevendo as minhas últimas palavras que rapidamente esqueceram. Doei sim, todo o meu dinheiro. Percebi que ele não me levava aonde queria. Aonde eu realmente queria, que era a felicidade. A verdadeira felicidade. Há uma semana, senti fortes dores no meu peito, vi tudo rodar, e apaguei. Acordei numa sala de hospital, sem ninguém a minha espera. Pensei... Quem vai cuidar de mim? Onde estão as pessoas que dediquei a minha vida? Apenas uma nuvem apareceu, negra e trovoante que sugava tudo que era alegre. Olhando atentamente, essa nuvem era eu. Vagando e absorvendo a energia vital de todos que ali se encontravam. Queria parar aquilo, não ver mais gente sofrer, não me ver sofrer. Escolhi o meio mais sensato de conseguir isso. A minha morte. Reflito se existe vida após a morte... Ou se tudo é uma ilusão. Descobrirei!