Vida e obra de arthur schopenhauer
O jovem filósofo retrucou à altura: “Será ainda lida quando não restar um só exemplar de teus escritos nem sequer num sebo.” Nem Tirésias seria tão severo, nem Hermes tão certeiro. As duas profecias foram confirmadas. De Johanna Schopenhauer não se encontra hoje nenhum exemplar, nem mesmo no mais volumoso e heterogêneo dos sebos.
Mas o filósofo também teve de melhorar, e muito, seu trabalho de doutorado até que se tornasse a obra respeitada e canonizada que se conhece atualmente sob o título O mundo como vontade e representação.
Toda essa história de conflitos interiores e embates colossais com todos que se punham à frente de Arthur Schopenhauer é contada em Schopenhauer – e os anos mais selvagens da filosofia (Geração Editorial, 2012, 688 páginas, tradução de William Lagos, R$69,90), de Rüdiger Safranski, mesmo autor de Nietzsche – biografia de uma tragédia e Heidegger – um mestre da Alemanha entre o bem e o mal, ambos publicados pela Geração.
Schopenhauer entrou para a história revolucionando o pensamento ocidental, erigindo um corpo teórico novo, fecundante, parte do qual é inegavelmente precursora da psicanálise, outra parte, precursora da hermenêutica heideggeriana, do existencialismo, do niilismo, do ateísmo filosófico.
Bem antes de Freud existir, o filósofo alemão já havia postulado alguns elementos daquilo que seria essencial na teoria psicanalítica, como a sexualidade. Muito antes de Heidegger, Schopenhauer já tinha elegido a arte como elemento veiculador da intuição, cujo grau de conhecimento seria mais elevado que os conceitos filosóficos preexistentes.
Os dois grandes conceitos que estruturam sua obra são