Veredas
Revista de Pós-Graduação em Letras
UNESP – Campus de Assis
ISSN: 1984-2899 www.assis.unesp.br/miscelanea Miscelânea, Assis, vol.5, dez.2008/maio 2009
A VOZ E O TEMPO COMO FORMAS DE FICCIONALIZAÇÃO
EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS
Edson Ribeiro da Silva
(Doutorando UEL)
RESUMO
ABSTRACT
Grande sertão: veredas é um romance
Grande sertão: veredas is a written
escrito que faz da oralidade o meio pelo qual a narração se constitui. João
Guimarães Rosa constrói, assim, uma forma de interação ficcional que depende da voz que fala, como foco narrativo, e do uso de uma temporalidade própria, que distancia narração e narrativa, mas mantém a primeira em uma espécie de suspensão temporal. Essa suspensão evidencia a presença do autor como organizador do jogo ficcional.
novel that makes of orality the medium through of which the narration is constituted. João Guimarães Rosa builds a form of fictional interaction that depends of the voice that speaks, as a narrative focus, and of the use of a specific temporality, that distances narration and narrative, but maintains the first in a type of temporal suspension. This suspension evidences the presence of the author as an organizer of the fictional game.
PALAVRAS-CHAVE
Guimarães Rosa; tempo; foco narrativo.
KEYWORDS
Guimarães Rosa; time; narrative focus.
Edson Ribeiro da Silva
Os tempos da literatura
A
literatura aparece, em seu lugar definido pelas teorias,
como uma arte do tempo. E este é o elemento que
corporifica a arte literária, seja como meio de expressão, pelo artista, ou de recepção, pelo leitor. Nas teorias herdeiras da tradição grega, como as de
Lessing e Hegel, o tempo da literatura ainda se confunde com o da realidade empírica, fenomenológica. Um tempo específico da literatura, como este acontece na constituição do texto literário, seria um problema teórico propugnado pelo século XX.
Há diversas abordagens do tempo. No entanto, a fuga da narrativa literária do tempo fenomenológico passa a ser uma