Verdade e Conjetura
O presente trabalho é sobre o capítulo quarto: Verdade e Conjetura, da obra de João Maurício Adeodato, Ética e Retórica: para uma teoria da dogmática jurídica. Percebe-se claramente que se trata de uma homenagem do autor ao consagrado jus filósofo brasileiro Miguel Reale. Segundo Adeodato, o objetivo deste capítulo é realizar uma releitura da obra Verdade e Conjeutura, colocando-a em um contexto específico para aproveitá-lo na construção da ética cética que será exposta neste livro.
Está organizado em cinco capítulos. No primeiro capítulo serão abordadas as antropologias ontológicas e retóricas e a dicotomia essencialistas versus retóricos. Ao longo do segundo e terceiro capítulo serão abordados temas referentes ao tridimensionalismo da Filosofia do Direito e o embasamento filosófico de Miguel Reale para tal. O quarto capítulo tem como temática a gradação do conhecimento e o quinto e último tem como objetivo conceituar conjetura.
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica enriquecida com os pensamentos de grandes filósofos sobre os respectivos temas.
1. Antropologias ontológicas e retóricas
O filósofo alemão Hans Blumenberg, a partir do pensamento de Arnold Gehlen resumiu as bases antropológicas em duas linhas diferentes de evolução da teoria do conhecimento, divisão essa que se pode fazer em duas dicotomias: essencialismo versus retórica ou verdade versus conjetura.
Observa-se uma mudança do padrão dos pensamentos modernistas e pós-modernistas em relação à visão antropológica do ser humano: antes visto como um ser dominante perante a natureza e agora, como um ser atrasado, metafórico e dominado pelo meio que o circunda¹.Na nomenclatura de Gehlen, o ser humano ora é visto como ser carente (armes Wesen), ora como ser pleno(reiches Wesen)segundo suas relações com o ambiente circundante.
Seria o ser humano carente pelo fato de não ser biologicamente fixado a nenhum ambiente determinado, não possuindo um