Veneno de cobras
Existem venenos quimicamente simples como, por exemplo, o cianeto de potássio, e venenos complexos como é o caso das serpentes. A fórmula do famoso cianeto é KCN, uma molécula de potássio, uma de carbono e uma de nitrogênio, e aí está o mortal inibidor da respiração celular. Já os venenos de cobra não podemos expressar por uma fórmula, pelo menos sem ser quilométrica para cada espécie! Trata-se de um conjunto muito rico de enzimas, de tóxicos e outras proteínas e variam, não apenas com a espécie, mas, também, dentro da espécie, com a idade e estado metabólico do animal. Melhor do que analisar bioquimicamente, é descrever as suas principais propriedades:
Ação Proteolítica. Diversas proteínas do veneno são capazes de lesar e mesmo necrosar os tecidos. Provocam uma reação inflamatória intensa, como é o caso das jararacas e das surucucus. Rompem a coesão das paredes vasculares e provocam hemorragias. Estas propriedades são responsáveis, principalmente, pelas lesões locais.
Ação sobre a Coagulação do Sangue. O sangue flui em nossas veias em delicado estado de equilíbrio: não deve coagular a toa e nem pode ser incoagulável. Os venenos dos ofídios perturbam esse equilíbrio e têm poder coagulante e hemorrágico, ao mesmo tempo. Desencadeiam a coagulação do sangue na microcirculação, bloqueando o fluxo sangüíneo e dificultando a oxigenação de certos tecidos, o renal por exemplo. Com o decorrer do tempo, as enzimas tóxicas dos ofídios atuam sobre a fibrina, que é uma proteína fundamental para fazer um coágulo, diminuindo sua quantidade e prejudicando sua qualidade, e, portanto, começam impedir a coagulação do sangue que corre nos vasos do corpo (isto sem desfazer os coágulos que causaram na microcirculação). O cenário está pronto para as hemorragias, que podem ocorrer nas mais diversas partes do corpo através dos vasos lesados, e que continuam sem cessar por causa da ação anticoagulante dos venenos.
Ação Neurotóxica.