Vaso chines
VASO CHINÊS (ANTONIO MARIANO ALBERTO DE OLIVEIRA)
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
COMENTÁRIOS : nós achamos que nessa poesia o autor expressa um ritmo elegante,as rimas muito bem trabalhadas, beleza da descrição aliada à simplicidade e ao sentimento amoroso, sutil,é uma poesia simples mas bem descrita . o autor descreve cada detalhe daquele belo vaso,bem perfumado,bem pintado,o seu mármore luzidio,a arte de quem fez aquele belo vazo. Talvez não seja uma poesia real,porém muito bem contada,bem detalhada,bem elegante,diferente,curiosa.
Alberto de Oliveira, neste poema, opta pela forma fixa de soneto demonstrando o rigor formal, uma de suas maiores preocupações enquanto parnasiano; a precisão das palavras, resultado de um intenso trabalho de adequação à forma e ao conteúdo.
Em relação à métrica, este soneto é decassílabo, ou seja, é constituído de dez sílabas poéticas, representando uma das principais características do Parnasianismo.
No poema em questão, há a predominância de elementos descritivos em vez de narrativos; a descrição rigorosamente objetiva do vaso. O culto aos objetos, como possuidores de virtudes é uma constante do exercício poético parnasiano, refletindo o requintado gosto da burguesia da época.
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O MURO ( Antônio mariano )
É um velho paredão, todo gretado,
Roto e negro, a que o tempo uma oferenda
Deixou num cacto em flor ensanguentado
E num pouco de musgo em cada fenda.