Vantagens da lógica
“A crise agravou a queda de fecundidade, porque, quanto maior a instabilidade na vida profissional, menor a vontade de ter filhos”, diz o demógrafo Jorge Malheiros, da Universidade de Lisboa.
Portugal vive a crise demográfica mais grave de sua história. O país pode perder 1 milhão de habitantes em 10 a 20 anos –quase 10% de sua população de 10,6 milhões.
Apesar de iniciativas do governo, interior de Portugal passa por ‘desertificação’
“É catastrófico”, diz João Peixoto, professor da Universidade de Lisboa. “A crise demográfica em Portugal é muito grave, porque junta motivos estruturais, como a queda da taxa de fecundidade, e conjunturais, as emigrações por causa da crise.”
Cerca de 100 mil portugueses emigram por ano desde 2010, segundo o governo.
São os mais qualificados e mais jovens que deixam o país. Gente como o economista Alexandre Abreu, 34, que vai trabalhar em Timor Leste por dois anos. Ele fez faculdade e mestrado na Universidade de Lisboa e doutorado na Universidade de Londres, estudando migrações e a crise do euro. Grande parte dos seus estudos foi custeada por bolsas do governo português. Há dois anos voltou da Inglaterra, mas não consegue emprego fixo em Portugal, porque as vagas foram congeladas no plano de austeridade. Com contrato de meio período, ganhava € 1.000 por mês. “Tentei ficar, mas, com esse contexto de crise, não consegui. Fomos subsidiados pelo governo para atingir essa formação avançada e agora não há empregos aqui.” O declínio da natalidade é antigo na Europa, mas era parcialmente compensado pelos imigrantes, que têm número maior de filhos. Portugal teve queda forte na taxa de fecundidade, hoje em 1,28 filho por mulher. E a crise demográfica do país é mais grave que a de outras nações europeias porque se alia à onda de emigração de mão de obra qualificada. “A crise agravou a queda de fecundidade, porque, quanto maior a instabilidade na vida profissional,