Vamp Vamp

O vampiro agora pouco se lembra de sua antiga vida. Em sua memória estão retratadas imagens opacas e distantes. Verdes pastos, camponeses pobres, o cheiro do suor misturado ao som da foice cortando o trigo. Nada relevante.
No entanto, lembra-se bem da dor excruciante de sua transformação, naquela noite gelada que dava as boas vindas ao inverno. O chão de terra batida absorvia o sangue, que emanava em guinchos do seu pescoço. Seu agressor, uma sombra sorrateira, adentrara sua cabana e o agredira. Na calada da noite, puxara-o da cama para si e cravara os dentes afiados em seu pescoço. Seu pai doente e cego, absorto em algum sonho sequer tomara ciência do ocorrido. Maldição ou benção, nunca soube porque o vampiro o transformara em um igual.
Seus poderes amadureceram rápido. Força, velocidade e extinto selvagem. Alguns outros poderes foram aparecendo com o tempo. A sede transformou-se em sua companheira, sendo necessárias duas a três vítimas por semana para saciá-la. Quando começava a se alimentar, entrava em um êxtase profundo, não conseguindo parar até que engolisse a ultima gota de sangue do azarado. Assim que terminava sua refeição sentia-se novo, renascido.
Nesse meio tempo aprendera a dificuldade que era transformar alguém em vampiro. Era necessário o biótipo sanguíneo certo, alem da eficácia do vampiro agressor. Se chupasse sangue demais, mataria a vitima. Se chupasse pouco, ela não se transformaria e continuaria humana. Na maioria das vezes tentara, terminava por matar o agredido. Isso apenas atiçava sua curiosidade em saber por que seu criador o havia transformado. Diversão, talvez.
Com a morte de seu pai, largou a vida de camponês, indo se aventurar nas emergentes cidades. Descobriu uma forma fácil para ganhar a vida: roubar dos burgueses. Na calada da noite, adentrava suas casas, furtava suas jóias e fugia. Não os sugava, pois sabia que eram influentes e não queria chamar a atenção das autoridades para si. Sempre soube a importância de se manter a