Utilitarismo - Jeremy Bentham
Elisangelo Techy1 Jean Rodrigo Bianchi Heinzen 2
Segundo o historiador e filósofo inglês William Richtie Sorley (1855 - 1935), até a segunda metade do século XVIII, a reflexão filosófica na Inglaterra caracteriza-se pela ausência de escolas, no sentido mais completo dessa expressão. Em outros termos, os maiores pensadores ingleses exerceram influência sobre o curso das idéias sem transmitir um corpo definido de teorias a um grupo definido de continuadores. Não havia uma escola que pudesse ser comparada à estóica ou à epicurista, da Antiguidade grega, ou com as escolas cartesiana e kantiana da Idade Moderna
Esse panorama modificou-se com o aparecimento dos utilitaristas ou radicais, como também foram chamados os membros de um grupo que, nos fins do século XVIII e começo do XIX, elaboraram um conjunto de teorias defendidas em comum e aplicadas a vários campos de indagação filosófica e científica. O grupo dos utilitaristas trabalhava em vista do mesmo fim e seus componentes uniam-se na reverência a seu mestre: Jeremy Bentham. O ponto de partida do utilitarismo de Bentham encontra-se nos seus estudos sobre a ciência do direito, especialmente a teoria do direito natural. Essa teoria supõe a existência de um contrato original e, a partir disso, sustenta que, se um príncipe não cumpre suas obrigações para com os súditos, ainda assim estes lhe devem obediência. Para Bentham, a doutrina do direito natural é insatisfatória por duas razões: primeiro, porque não é possível provar historicamente a existência de tal contrato; segundo, porque, mesmo provando-se a realidade do contrato, subsiste a pergunta sobre por que os homens estão obrigados a cumprir compromissos em geral. Assim, Bentham substitui a teoria do direito natural pela teoria da utilidade, afirmando que o principal significado dessa transformação está na passagem de um mundo de ficções para um mundo de fatos. Somente a experiência, afirma Bentham, pode provar se