O utilitarismo clássico e contemporâneo: jeremy bentham e peter singer
Pedro Heitor Barros Geraldo1 1. Introdução Este trabalho tem o objetivo demonstrar o utilitarismo como uma corrente ética. Analisá-lo a fim de verificar se ainda se pode valer dele para solucionar os problemas contemporâneos. Para tanto, serão consultados dois filósofos utilitaristas, Jeremy Bentham e Peter Singer, o primeiro é considerado o pai da filosofia utilitarista e o segundo um polêmico filósofo contemporâneo utilitarista e finalmente os argumentos de Karl Popper sobre o utilitarismo negativo. Tais proposições serão cotejadas com as outras duas principais correntes da filosofia moral, quais sejam a ética teleológica e a ética deontológica, em John Rawls. Esta breve análise visa analisar o utilitarismo, uma vez que pode-se considerá-lo como a principal corrente da filosofia moral. A comparação com os outros pensadores serve para pôr em questão a validade — ou razoabilidade — do critério utilitarista. 2. O utilitarismo clássico e contemporâneo: Jeremy Bentham e Peter Singer Bentham, que viveu na Inglaterra entre 1748 e 1832, foi o criador do utilitarismo como filosofia moral. Tal concepção surgiu num período bastante específico, a era da razão. Ele dirigiu suas críticas principalmente ao direito, sendo um vigoroso defensor da codificação das leis num país em que, ironicamente, possui o sistema consuetudinário. A originalidade de suas críticas se forjavam sob os auspícios da idade das luzes. Caenegem afirma que: “O ponto de partida para a crítica de Bentham ao sistema inglês (que, em sus época, era substancialmente medieval) não foi o direito natural continental, mas sim uma idéia inteiramente original: o princípio da utilidade. Bentham não formulou axiomas e deduziu normas do direito a partir deles; em vez disso, questionou a utilidade
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Profesor de Deontologia Jurídica e Teoria da Justiça na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora, Mestrando do Programa de Pós-graduação em