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Entre os diversos temas trabalhados pelo autor, a problemática da questão regional e, dentro dela, a da reforma agrária, merece destaque especial por possibilitar o debate sobre a relação entre Estado e movimentos sociais. Quando o autor se encontrava empenhado na defesa da implementação de uma estrutura burocrática específica – a SUDENE – capaz de implementar o Plano de desenvolvimento para o Nordeste. Em um primeiro momento deveria identificar a maneira mais “racional” de resolver os problemas nordestinos e o segundo teria incumbência de criar consenso social necessário para a sua implementação. Durante o governo de João Goulart, o economista brasileiro foi um grande defensor das reformas distributivas como medidas necessárias à diminuição da pobreza, principal fator de atração do movimento revolucionário. A defesa da reforma agrária por Furtado nesse contexto assume um duplo objetivo: arrefecer o ímpeto revolucionário dos trabalhadores no campo e assegurar a manutenção do regime democrático contra possíveis “golpes preventivos de direita”. O tema da reforma agrária encontram-se intimamente relacionados à questão da intensificação da luta de classes em finais dos anos 50, início dos anos 60. Esse é o período em que se percebe a intensificação do movimento das Ligas Camponesas no campo e da Frente do Recife, no meio urbano.
Do início dos anos 50 até 1964 pode-se destacar dois momentos distintos em sua obra. Aqui, vale a pena destacar, o papel da burocracia de Estado em seu pensamento, que estaria acima dos interesses particulares e, portanto, capaz de formular e implementar políticas voltadas para a realização do “bem comum”.
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