Unificação Italiana e Alemã

Unificação Italiana
Os italianos são frequentemente longevos. Não será, portanto, incomum que um homem nascido na Itália arcaica, ainda submissa e pré-industrial de 1840 tenha testemunhado as guerras de unificação de seu país, a consolidação das instituições monárquicas e liberais, a rápida industrialização que se seguiu, a fermentação socialista e anarquista, o delírio nacionalista da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a derrota militar, o colapso da ideologia liberal e, enfim, o triunfo do fascismo nos anos 20. Não é pouco. No curso de uma vida a Itália assistiu à desintegração de suas estruturas ainda setecentistas, totalmente subalternas no contexto da revolução industrial européia, e emergiu para a condição de potência capitalista beligerante com pretensões a potência européia neocolonial.

Se a percepção de que a história sofre súbitas acelerações não for uma ilusão de ótica dos historiadores, então é certo que este foi um momento de aceleração, pois poucas parábolas históricas trouxeram tantas e tão profundas modificações em tão pouco tempo. Um italiano dessa geração pode lembrar-se da coroação do epilético e moderado papa Pio IX em 1847 ou da primeira guerra de independência de 1848 e, ao final de seus dias, ter vivido a marcha dos Camisas Negras sobre Roma de 1922 e o trauma do assassinato do deputado socialista Giacomo Matteotti, após denunciar as arbitrariedades fascistas das eleições de 1924. Para esse italiano, como para nós, hoje, a Itália do século XX parece nascer diretamente das realizações e das insuficiências do Risorgimento, vale dizer do conturbado processo histórico de emancipação e unificação política da Itália.

O “início” do Risorgimento

O termo Risorgimento foi empregado originariamente em sentido literário e cultural. Segundo Luigi Salvatorelli (Grande Dizionario Enciclopedico, de Pietro Fedele), ele comparece pela primeira vez na obra de Saverio Bettinelli, Il Re d’Italia dopo il Mile (O Rei da Itália após o ano 1000), de