Unidade i
Por que, hoje, em todo lugar do planeta se fala tanto em ética? Qual o motivo de se sublinhar comportamento ético, agir ético? De que se está falando? Estarão os sujeitos contemporâneos preocupados com o bem, com a virtude, com a boa conduta? Na atualidade, o tema dos valores éticos quase que nos mergulham no rio da História e situam-nos numa nova agenda: eles tomam uma característica concreta, quando se referem às questões pessoais dos sujeitos e aos problemas sociais como a inclusão das minorias, as questões familiares, o meio ambiente, as questões econômicas e políticas e os conflitos entre povos e nações. E temos desafios pessoais e sociais a serem enfrentados, decorrentes dessa nova agenda. Outras interrogações que se apresentam: Deve-se falar a verdade em todas as circunstâncias ou algumas vezes é permitido mentir? Todas as ordens devem ser cumpridas, ainda que haja povos e nações prejudicadas? Há uma história antiga relatada por Platão no Livro II da República (2000), onde ele narra o episódio do anel de Giges. Este pastor cuidava do seu rebanho, quando uma tempestade levou-o a esconder-se numa caverna. Lá descobriu na mão de um cadáver um anel de ouro, tomando-o para si. Colocando-o no dedo e tocando sua pedra girando-a para o interior percebeu que o anel tinha o poder mágico de torná-lo invisível. Certificando-se do poder do anel o pastor juntou-se aos mensageiros que foram ao Palácio em audiência com o rei. Lá chegando conspirou com a rainha a morte do rei, seduziu-a e tomou o poder, apropriando-se, também das riquezas do reino. Esta é a fábula. Platão, no diálogo, coloca na boca de Glauco o seguinte ensinamento: não há bondade e desejo de justiça pela vontade individual, mas por obrigação. Na oportunidade em que não está sendo