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Algumas observações sobre o “método científico”
Silvio Seno Chibeni
Departamento de Filosofia, IFCH, Unicamp, Brasil. Web site: www.unicamp.br/~chibeni.
Resumo:
Estas notas apresentam e discutem, em nível introdutório, alguns aspectos do chamado “método científico”. Seu objetivo principal é mostrar que embora a complexidade da ciência não permita que se conceba um “método” único, de aplicabilidade geral, para se “fazer” ciência, o conhecimento científico se distingue de outras formas de saber por algumas características importantes, que giram em torno da exposição deliberada e sistemática das teorias científicas à análise racional e ao controle experimental.
1. Introdução
Constitui crença generalizada que o conhecimento fornecido pela ciência é, de algum modo, superior relativamente aos demais tipos de conhecimento, como o do homem comum. Teorias, métodos, técnicas, produtos, contam com aprovação geral quando considerados científicos. A autoridade da ciência é evocada amplamente. Indústrias, por exemplo, freqüentemente rotulam de “científicos” processos por meio dos quais fabricam seus produtos, bem como os testes aos quais os submetem. Atividades várias de pesquisa nascentes se auto-qualificam “científicas”, buscando respeitabilidade. Essa atitude quase que de veneração à ciência deve-se, em boa parte, ao extraordinário sucesso prático alcançado pela física, pela química, pela biologia e por suas ramificações. Assume-se, implícita ou explicitamente, que por detrás desse sucesso existe um “método” especial que, quando seguido, redunda em conhecimento certo, seguro. A questão de saber que método seria esse tem constituído uma das principais preocupações dos filósofos, desde que a ciência ingressou em uma nova era, no século XVII. Formou-se em torno dela e de outras questões correlacionadas um ramo especial da filosofia, a filosofia da