Direito
Mas por que ser a favor das cotas raciais, e não, sociais? Porque a dívida histórica do Brasil para com os negros, que todos a admitem, é uma tremenda e secular Injustiça (com "I" maiúsculo), que, por si só, já justifica o tal sistema de cotas. Além do mais, fica meio complicado separar negro de pobre. Contudo, só quem é negro (e há negrômetros, sim, a polícia e seguranças de shopping center que o digam) sabe o quanto dói a chibata da discriminação, talvez mais do que o chicote do capataz. Não sei se felizmente ou infelizmente, mas o racismo no Brasil só é exposto quando há uma afronta inesperada do negro contra um branco. É quando o cartão da madame não passa na maquininha de crédito, ou é quando uma empregada doméstica embarca desavisadamente no elevador social, ou ainda quando há um negro sentado na poltrona ao lado no avião. Aí, saem os insultos guardados no mais recôndito da alma: negrinha, crioula, pixaim, cabelo de bombril, etc, sem contar as famosas e famigeradas piadinhas/anedotas sobre negro, memorizadas aos montes pelos humoristas. É de um sofrimento só.
Por tudo isso, as cotas são extremamente necessárias a uma mudança de paradigma social, com reflexo positivo na auto-estima dos descendentes da raça. Mas, para que isso ocorra, precisamos urgentemente (não dá para esperar mais) de que haja mais personalidades negras, mais juízes negros, mais delegados negros, mais médicos negros, mais generais negros, mais governadores negros, mais prefeitos negros, mais congressistas negros, mais professores negros, mais empresários negros, mais industriais negros, mais engenheiros negros, mais cientistas negros, mais artistas de TV negros, mais modelos negros, mais comerciais de TV negros, mais jornalistas negros...E menos jogadores de futebol negros, menos policiais negros, menos bandidos negros, menos empregadas domésticas negras, menos mendigos negros, menos traficantes negros, menos prostitutas negras, menos