Uma prova de amor
O acidente nuclear em Chernobyl, em 26 de abril de 1986, formou uma nuvem carregada de substâncias radioativas que, devido às condições climáticas, espalharam-se pelo ar e penetraram o solo. O contato com estas substâncias teve conseqüências sérias para a saúde das pessoas --muitas delas desenvolveram câncer, problemas circulatórios e catarata.
Nos casos mais graves, a radiação altera o DNA das células, fazendo com que elas percam seu ritmo normal de divisão e se comportem como células cancerosas. Isso tudo identificado a longo prazo a leucemia, que se manifesta mais rápido que outros tipos de câncer, só aparece nas pessoas irradiadas depois de pelo menos seis anos.
"Quanto maior a exposição à radiação, maior a probabilidade de as vítimas desenvolverem câncer", explica Sandra Bellintani, pesquisadora da área de radioproteção do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares). "Além disso, existe a possibilidade de os danos serem transmitidos entre gerações", diz , acrescentando que pesquisas ainda não identificaram essa "herança".
Contaminação
Entre 1992 e 2002, foram registrados 4.000 casos de câncer de tireóide em pessoas que, na época do acidente, tinham até 18 anos e moravam em Belarus, Rússia ou Ucrânia. Como esse tipo de doença é raro entre jovens, estima-se que ele tenha sido causado pela grande incidência de iodo-131, liberado com o vazamento de Chernobyl.
No caso específico das vítimas de Chernobyl, a tireóide --que tradicionalmente retém iodo da corrente sangüínea-- passou a acumular uma quantidade maior deste elemento do que deveria. Daí o surgimento do câncer nas pessoas que moravam (ou ainda moram) nas regiões afetadas.
Além de contaminar os seres humanos pelo ar, os elementos radioativos podem entrar no corpo levados por água, leite e alimentos. O consumo de verduras plantadas em solo irradiado apresenta riscos, assim como carne e leite produzidos