Uma nova topologia
uma nova topologia flavio de lemos carsalade
1. Casa do Jornalista
Belo Horizonte, 1982
10
U
ma das discussões mais interessantes sobre o Movimento Moderno na Arquitetura é a relação dos novos edifícios com o lugar onde se assentam, o que, é claro, remete à face pública do edifício quando esse lugar é a cidade.
Passado o período mais questionador quando a crítica ao Modernismo era excessivamente áspera – até mesmo para que a arquitetura pudesse se renovar – podemos hoje entender melhor que muitas dessas críticas não se justificavam da forma como elas foram elaboradas e, nesse caso, inclui-se justamente o problema da relação com o lugar.
Dizia-se que a Arquitetura Modernista desconhecia ou negava o lugar, privilegiando o edifício isolado e auto-referente. De fato, a atitude modernista pressupunha os aspectos de inovação (afinal de contas se considerava o “fim da história”) e de transformação (o ideal de se
“corrigir” cientificamente os erros dos edifícios e cidades), aspectos esses característicos não apenas da arquitetura, mas da própria atitude
mínimo denominador comum 3 monumentalidade x cotidiano: a função pública da arquitetura
modernizante [1]. Assim, antes de negar o lugar, a arquitetura moderna buscava, por um lado, transformar o lugar e, por outro, inovadora que era, se estabelecer em contraste.
A nova cidade era o ideal a ser perseguido: novas formas de relação do prédio com a cidade. Daí surgiram as idéias do pilotis, do descortinamento da paisagem, da redução de fronteiras (ou sua atenuação) entre o público e o privado, enfim uma nova ordem urbana.
Na postura modernista era importante que o espaço aberto se imiscuísse entre os prédios, livre, higiênico, claro. A questão assim colocada adquiria formas próprias quando o lugar dos novos edifícios não fosse um campo aberto
(como a Villa Savoye) ou cidades absolutamente novas (como Brasília). A postura modernista
com