UMA GOTA DE SANGUE
SÉTIMO SEMINÁRIO.
DOENÇAS DE NEGROS
Bulas são o mais difundido ponto de intersecção entre a literatura médica o e grande publico. As pessoas leem a bula pressupondo, naturalmente que as informações nelas contdas exprimem a palavra da ciência, um consenso isento de preconceito. Mas a ciência, com tudo mais esta imersa na cultura.
O geneticista Sérgio Pena descobriu que, de 185 medicamentos introduzidos nos EUA entre 1995 e 1998, 15 continham advertências sobre diferenças raciais em sua eficácia ou efeitos colaterais. Hoje, a ciência genética sabe perfeitamente que as características icônicas tradicionalmente associadas a grupos “raciais”, como a cor da pele ou outros traços faciais, “não são parâmetros adequados ou suficientes para escolher o tratamento medicamentoso de um paciente especifico”. Sabe, ainda, que alegações raciais nada dizem sobre a condição de qualquer individuo: “se o médico achar que um paciente possa ter um determinado genótipo farmacêutico, ele terá de fazer exames genômicos apropriados para testar sua suspeita.”
A genética comprovou a unidade racial da espécie humana. A noção de raça, erguida durante a expansão imperial europeia, baseia a sua popularidade num pequeno conjunto de características fenotípicas facilmente identificáveis. Mas o fenótipo é um fraco indicador do genótipo. No plano cientifico, a classificação racial da humanidade é apenas um reflexo de informações insuficientes.
No ano 2000, lideres, respectivamente, das equipes publica e privada dos projetos de mapeamento humano, declararam conjuntamente que “nós somos todos 99,9% geneticamente iguais, independente de raças”.
O conceito de “doenças raciais” ganhou um selo oficial no Brasil, com o lançamento do Programa de Anemia Falciforme no ano de 1996, pelo Ministério Da Saúde. O programa respondia a uma demanda de entidades do movimento negro e passava a servir como referencia para a elaboração de uma rede discursiva que faz da saúde um campo